A Aplicabilidade da Terapia Psicanalítica
Muito se menciona acerca da eficácia das terapias em geral. Especificamente no tocante à Psicanálise, por expertise, há a presença de um diferencial salutar para tratamento das angústias que permeiam os que se propõem a ser analisados.
A objetividade e a prática do manejo necessário à
efetividade na busca por alívios e, como menciona inclusive J. D.
Nasio (psicanalista e escritor), inclusive cura de sintomas são cruciais para o desenvolvimento da
psique humana, mesmo tendo sido forjada com experiências tidas como
extremamente negativas e dolorosas.
A psicanálise clínica possui, por excelência, o
condão para auxiliar o analisado no melhor caminhar pela sua própria
existência e coexistência.
Como atividade profissional vanguardista dentre
tantas outras, a Psicanálise exerce um fascínio por parte de quem a conhece. Não há de se negar sua importância, por exemplo, no estudo da
sociedade bem como dos efeitos resultantes a partir da vivência dos
indivíduos na mesma.
Os mais variados temas permeiam a sessão
analítica, desde mal estar relacionado à relação de ambivalência com um ou
ambos os genitores, conflitos gerais, crises existenciais, problemas
de relacionamento com cônjuge, expectativas concernentes ao trabalho e
aspirações das mais diversas.
Com a utilização da técnica da associação livre,
amplamente difundida e defendida por Sigmund Freud (criador da Psicanálise), a análise lança mão
de julgamentos e quaisquer pré-concepções durante a escuta do
analisado. O analista se põe a ouvir o conteúdo levado à clínica e busca
com que seja trazida à consciência uma reflexão plausível. De tal forma
ocorre o alívio dos sintomas e, por vezes (como defende Nasio), a cura
efetiva do problema.
Na realidade pode se entender pelo alívio da
sintomatologia do conteúdo elaborado durante a terapia. O conteúdo é
levado à esfera da razão, elaborado à luz da consciência, o que
fatalmente passa a aliviar a carga emocional do analisado, de modo a
propiciar-lhe uma vivência mais leve e direcionada ao fluxo
ascensional.
De fato o seguimento do fluxo ascensional é
representado pelo crescimento pessoal em todas as áreas e propiciado pelo
autoconhecimento.
A terapia analítica se mostra como um fio condutor
para a fundamentação da visão integrada da psique humana
com o meio em que se encontra inserido. Melhora, pois as relações
sociais, a saúde física e mental, bem como auxiliar no clareamento da mente
ante às vicissitudes que permeiam a convivência perante a sociedade.
Não se trata, pois, de psicoterapia breve. A
psicanálise visa a uma amplitude maior e deve, portanto, ser completa e
profundamente transformadora, tal como iniciou nos tempos
freudianos.
A determinação de tempo para a ressignificação dos
conteúdos levados à clínica, que perfazem traumas e angústias severas,
não se mostra salutar. Não se deve confundir esse fato com a
duração da sessão, que pode ser de poucos minutos a exemplo do defendido
por Lacan (psicanalista), ou de 45 (quarenta e cinco) minutos ou 50 (cinquenta) minutos conforme o praticado usualmente.
Há hipóteses em que os traumas de infância, por
exemplo, demandam muito tempo para elaboração, reinterpretação e
correto manejo. Tratam-se de feridas abertas, com propensão à
compulsão por repetição, dentre outras, razão pela qual não se delimita
prazo para o correto tratamento.
Inegável é a eficácia da Psicanálise no
transcurso do amadurecimento pessoal, tanto do analista quanto do analisando. A
partir de um novo olhar sobre as experiências, passa-se a observar o
mundo por outro prisma.
A razão e a emoção devem ser equilibrados de forma
que se possa propiciar também um equilíbrio em todas as áreas
da vida.
Faz-se imprescindível afirmar também que o vínculo
entre as partes envolvidas na análise se torna de suma
importância. Não o vinculo pessoal, evidentemente, mas uma relação saudável e
cordial de aliança terapêutica articulada no
binômio analisando-analista.
Através desse ponto há a sensação de “liberdade
para expressar, falar”. Há, portanto a autorização para a análise,
para o “adentrar na psique” do indivíduo de modo a ser conferido o
desenrolar de emaranhados existentes e que, de alguma forma,
propiciam um travamento
em sua vida.
A transferência, através da qual se desenrola o
novelo da aliança terapêutica, pode não ocorrer de forma ágil, mas
através do manejo profissional pode-se observar inclusive através do
que não é dito, o chamado conteúdo indizível, certas resistências a
serem trabalhadas e,
portanto, eliminadas.
O ambiente e a atitude do analista devem propiciar
a revelação do conteúdo intra psíquico a ser enveredado,
elaborado e ressignificado. Tanto a linguagem verbal quanto a não verbal
perfazem incontestáveis meios de condução à essa revelação.
O setting terapêutico, seja ele através da clínica
em espaço físico ou virtual, não é local para julgamentos ou pré
concepções, sejam elas quais forem. Apenas de escuta e tentativa de
esclarecimento dos conteúdos.
A partir da análise, o sujeito passa a
refletir melhor sobre a vida, como um exercício de
conscientização, que pode ser inicialmente esquivo e resistente, mas inevitável
e necessário. Os padrões de comportamento são revistos, linhas
de pensamento, situações experienciadas, afinidades, dentre
outros fatores, costumam ser alterados, repensados, elaborados. O analisando passa a ter uma nova visão de mundo, menos enviesada. Desta forma a vida fica mais leve e o indivíduo se sente mais seguro e firme para o porvir.
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