Você desiste facilmente?
De uma maneira impulsiva ou até raciocinada, uma pessoa pode afirmar que não costuma desistir, principalmente de si. Mas não se faz necessário procurar bastante para encontrar alguém que contradiga essa premissa.
Desistir faz parte da vida: desistir do que não nos faça bem, desistir daquilo que não faz mais sentido, de quem efetivamente não vale a pena de permanecer em nosso convívio, de ilusões, e por aí em diante...
Aliás, persistir também faz parte da vida. Persistimos quando acreditamos seja em algo e (ou) em nós mesmos, quando somos teimosos, em diversas ocasiões.
Desistir de si mesmo costuma ser o ápice da ausência de perspectivas, de fé na vida. Não digo a nível de fé religiosa. No entanto é bastante comum encontrarmos pessoas que, com bases religiosas deturpadas ou não, desistem de viver e se desenvolver "porque assim seria o certo", por estarem "predestinadas" à infelicidade. Imagine do que o embotamento mental e o desalento são capazes!
Certos paradigmas enraizados são contra a vida. Há formas de pensar tão rígidas que enrijecem e comprometem a sobrevivência... E não possibilitam o bem-viver. O ideal de aprisionamento mental e impossibilidade de galgar qualquer posição de progresso ou de sequer se autorizar a fazer algo bom na própria existência devido à descrença em si mesmo é exemplo disso. Estarrecedor, não?
Um outro fator comum é o fato de a pessoa até compreender que precisa de apoio profissional para eliminar suas dores emocionais e traumas para finalmente se libertar e passar a fazer o melhor para si e para os seus entes queridos, mas não se dispor a prosseguir, por qualquer motivo que seja.
É um dos casos em que o ser humano se desiste de si. O indivíduo, enquanto sujeito, se encontra paralisado e permanece com o pé no freio para garantir não prosseguir adiante em virtude de algum receio ou eventual outro obstáculo.
Tenhamos em mente que não se espera resultado diferente a partir da adoção das mesmas práticas. Não se deve almejar muita coisa, ou alguma coisa, sem a concorrência das próprias atitudes e de uma linha de raciocínio direcionada.
Para realmente transformar a própria existência, convém, em primeiro lugar, não se enganar e optar por não estagnar. Muito menos de forma voluntária... Esse engano revela, na realidade, uma escolha inconsciente com base em certas linhas de pensamento (paradigmas) capazes de impossibilitar uma pessoa de exercer a maior função com a qual ela deve se comprometer, que é viver e se desenvolver, efetivamente.
É possível dar um passo rumo à solução desses problemas... Você é capaz de sair dessa muito melhor, efetivamente recuperado(a) dessas memórias de dor e pesar... Escolher a si, e por si, é um começo para novas oportunidades.
Lúcia Rebelo
Psicanalista
